A tristeza da mãe

Sim, a tristeza... Seria de esperar, que nesta altura se falasse apenas na felicidade da mãe, mas não, quero mesmo falar da tristeza da mãe.
Nas duas primeiras semanas de vida da criança senti-me infeliz... Sim, muito infeliz... mas era só por algumas horas por dia.
Normalmente sentia-me feliz, e acima de tudo estupidamente concentrada em tudo o que tinha que fazer para ser uma boa mãe, mas quase todos os dias, ao final do dia, tinha uma ou duas horas de extrema infelicidade... Chorava compulsivamente!
Tive que ir pesquisar sobre o assunto, não queria acreditar que estava com depressão pós parto.
Não, não estava... Estava com o que chamam de BabyBlues e não é a mesma coisa que uma depressão pós parto mas é parecido. É o resultado de hormonas aos kilos a fazer Jogging pelo meu corpo a fora. Sim, com o culminar de quase 10 meses de gravidez num parto, e de um dia para o outro ter um ser completamente dependente de nós, as hormonas que estão claramente em excesso no nosso corpo não sabem para onde se virar e andam literalmente à porrada umas com as outras. 
Isto pode provocar o que agora chamam de BabyBlues. As noites mal dormidas, a ansia de voltar à vida normal (sendo que nunca mais vai ser o que era), o pânico de fazer asneira, a necessidade de fazer tudo bem, as visitas a chatear, o habituarmo-nos aos novos horários, e a vontade de nos sentirmos normais pode provocar um sentimento de infelicidade muito grande! Por várias vezes pensei "O que é que eu fui fazer!??!?!"
Parvoíces! Mas a culpa é das hormonas. Sentia-me um farrapo humano, um resto de alguém... Estava cansada, muito cansada, e sem paciência ou vontade de receber as visitas que não paravam de aparecer... Raramente conseguia almoçar ou jantar porque ainda não sabia lidar bem com a cria...Queria sair, sair de casa, ver o sol, mas tinha pânico de sair com a criança... e se ele chorasse?! Isto deu em duas semanas em que me sentia simplesmente infeliz. E isto não ajudava nada...Porque depois sentia-me culpada! Eu não devia sentir-me infeliz... Eu tive um filho... eu devia estar radiante...devia ser tudo lindo e maravilhoso como se vê nos filmes e nas revistas... Bolas, mas a verdade é que eu sentia-me triste... Como disse, a minha sorte é que apenas me sentia assim uma ou duas horas por dia...
Eu que nunca acreditei em depressões, percebi nessa altura o quão grave pode ser, e atenção, que eu não tive uma depressão, tive apenas uma reacção rápida e soft das hormonas que pairavam em mim.
Ao fim de duas semanas a coisa passou... Já saía à rua sem medo que ele chorasse, as visitas foram lentamente acalmando, o corpo foi recuperando, e já não faço nada com concentração, mas sim a desfrutar daquele serzinho que eu fiz e é tão lindo!
Passou depressa, mas a verdade é que esta é mais uma parte que ninguém fala. O que me aconteceu, acontece a cerca de 80% das mulheres, mas ninguém fala nisso, e continuamos apenas a ver as fotos fofas e sorridentes nas redes sociais, e pensamos que só nos acontece a nós... Desenganem-se... Não somos bichos papões.... É normal, e o bom disto tudo é que passa depressa.
Se não passar depressa, devem falar com os vossos médicos. A depressão pós-parto é real, e não é de todo sinal de fraqueza... É normal, e pode acontecer a qualquer uma!  

(http://saudeinfantil.blog.br)

Comentários

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    1. Na altura pensava que estava maluca... esta é daquelas coisas que ninguém fala e que acontece à maioria.. O que vale é que passa depressa :)

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  2. Passei por isso no nascimento da minha primeira filha...eu tinha crises de choro, quando a segunda filha nasceu não tive tempo pra pensar em chorar pois cheguei da maternidade exatamente quando a primeira filha estava completando 1 ano de vida...então você pode imaginar como foi a minha vida a partir dali!!! juro que pensei: não vou consegui!!!
    Hoje tenho quatro filhos...é um corre , corre , uma confusão...mas é bom!!
    Fiz um Blog também pra compartilhar minhas histórias , opiniões e a maneira que lido com eles no dia a dia!!
    Eu & os quatro

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    1. Pois, se só com um é complicado imagino que com mais filhos seja pior, mas se calhar tb é uma coisa que vamos aprendendo a contornar, não?! Não sei... digo eu... :)

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