Respostas na ponta da língua
Quando era miúda
eram muitos os que me chamavam “respondona”! Lembro-me particularmente da minha
avó, que estava sempre a fazer queixinhas minhas à minha mãe porque eu era uma
“respondona”.
Isto porque nunca
me deixei ficar. Aquilo que achava mal, contestava. Quando era injusto, dizia.
Quando me mandavam calar só porque sim, pior ainda.
Para tudo, tinha
sempre a resposta na ponta da língua.
Mais crescida,
quando olhava para trás pensava que de facto eu era uma respondona. Porque não
se responde aos mais velhos. Porque temos que respeitar os crescidos, porque
não se responde…
Não posso
discordar mais!
Não acho que as
crianças tenham que ficar caladas, só porque as mandam calar. Não acho que as
crianças não tenham o direito de expressar o que sentem e as suas frustrações.
Não acho que as crianças devam ser obrigadas a engolir o choro de frustração em
silêncio só porque o adulto diz que sim. Isto não pode ser saudável.
Claro que há o
respeito. A educação. As crianças, tanto como os adultos devem aprender a
respeitar as pessoas. Que é não se deve gritar, que não se diz palavrões, que
não se chamam nomes feios. Devem ser ensinadas a serem educadas, a esperarem a
sua vez, a não bater ou morder, a saber esperar.
mas também devem ter o direito de se expressar quando se acham vitimas de injustiça. Devem poder dizer quando algo as está a incomodar. Devem poder contar-nos tudo aquilo que as incomoda.
mas também devem ter o direito de se expressar quando se acham vitimas de injustiça. Devem poder dizer quando algo as está a incomodar. Devem poder contar-nos tudo aquilo que as incomoda.
Se há coisa em
que eu soltava da língua era quando achava que algo não era justo. É que
ninguém me conseguia calar, e acreditem que muitos o tentaram, com recurso a
ameaças, castigos e palmadas, mas a voz ninguém ma tirou.
E sabem que
mais?! Hoje orgulho-me disso e é assim que quero ensinar o meu filho. Educado
sim, mas castrado NUNCA!
Quero que ele se
sinta livre para expressar sempre o que lhe vai na alma, e eu cá estarei para o
ouvir.
Que nunca lhe falte a voz, tal como nunca me faltou a mim!
(Imagem: Pax Real do Brasil)
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