Sou muito pouco adulta!


Há alturas em que isto me incomoda mais, e outras em que incomoda menos. 

Às vezes ponho na cabeça que já não sou nenhuma miúda e devia aprender a comportar-me, agir e até falar ou vestir de forma mais adequada à minha idade.

Mas muitas vezes esta coisa cai no esquecimento e volto a ser eu: uma miúda, ali a rondar a adolescência, que espreguiça-se, come com os cotovelos na mesa, diz asneiras e anda sempre de ténis.

Vejo casas de famílias arrumadas e aprumadas onde a roupa está toda nas gavetas e não numa cadeira no canto do quarto. Onde essa dita roupa é passada a ferro e não apenas sacudida e faz de conta que é mesmo assim

Vejo mesas postas para jantar com marcadores de mesas impecáveis enquanto os meus estão cheios de nódoas. Os pratos todos iguais e uma panóplia de copos e talheres, quando eu me contento com uma caneca com sumo.

Tenho colegas que diariamente andam impecáveis! De certa forma invejo-as. Vejo as suas roupas formais, e tão certinhas, a combinar com os saltos altos. A maquilhagem sempre tão boa quando os cabelos.
Invejo-as e não as invejo. Todos os dias olho para os saltos, para as camisas e para o ferro de esticar o cabelo, e não consigo. Todos os dias faço um rabo-de-cavalo, ou simplesmente solto o cabelo, passo uma base simples, visto as calças de ganga e calço os adidas e é assim que me sinto livre e confortável.

Oiço conversas inteligentes, com palavras caras e um discurso cuidado, mas acabo sempre a dizer parvoeiras, a falar alto e a contar piadas.

Vejo mães, vestidas como mães (sempre achei que mãe tinha um estilo próprio), com os filhos arrumadinhos, nas suas meias até ao joelho, com ares de anjinhos, enquanto eu ando com o meu filho a rebolar pelo chão ambos cheios de terra, tanto na roupa como às vezes até na cara.


Sou assim. Muito pouco adulta! Salto muito, corro e tropeço nos meus próprios pés. Falo alto, conto piadas, e de vez em quando escapa-me uma asneira. Sou viciada em jeans e ténis (ou sapatilhas…). Importo-me pouco com o penteado ou com a maquilhagem ainda que tenha o meu quê de vaidosa.
 Brinco como um bebé, comporto-me como uma criança, falo e visto-me como uma adolescente… 
Sou muito pouco adulta, mas sou feliz. Assim mesmo, trapalhona, distraída, atabalhoada e numa vida de barafunda! 


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