O Desmame...
Antes de mais
deixem-me que vos diga que odeio desde sempre a palavra Desmame… Não sei muito
bem explicar porquê mas não gosto… Não gosto da forma como soa. Tal como a
palavra “pacote”… sim eu sei, tenho uma valente pancada, mas pronto. Não gosto.
E se já não
gostava da palavra desmame antes, aprendi a odiá-la desde que fui mãe!
Porque quando
somos mães, esta palavra assombra-nos e persegue-nos e toda a gente nos fala
disso. Do desmame.
Comecemos pelo
verdadeiro significado da palavra:
des·ma·me
1.Acto ou efeito de desmamar
2.Época em que deixa de haver amamentação.
A verdade
é que nós mães somos perseguidas por terceiros com a “necessidade de desmame. ”
Temos que
fazer o desmame da barriga, de não sentirmos mais o bebé, os movimentos do
corpo que dão a sensação que algo ainda mexe cá dentro, tal como falei aqui,O chamado 4º trimestre é
das fases mais agressivas tanto física como psicologicamente para uma mulher. É
a fase em que tudo muda, e o desmame começa.
É nesta
fase também que iniciamos um outro desmame… O do sono. O dos horários, o do
cansaço. Aquela fase em que somos meros zoombies e andamos muitas vezes em modo
de sobrevivência, porque todas nós passamos pela fase em que queremos ser super
mulheres e tomar conta de um recém-nascido, cuidar duma casa, ter amigas,
recuperar a forma e tudo mais até nos apercebermos que não é possível.
É quando
fazemos o desmame do dormir, de ter uma noite de sono descansada, porque a partir
de agora, isso não vai mais acontecer.
Fazemos um
desmame duma outra vida. Da vida sem filhos que deixamos para trás. Da vida
mais espontânea e despreocupada, sem planos e com cinemas e saídas à noite
incluídas. Isso, ficou no passado, e tem que acontecer um desmame… um apercebe-mo-nos que tudo isso acabou, e nunca mais será igual.
Mais tarde
ou mais cedo há o desmame do bebé! O dia em que deixamos de estar com ele o dia
todo só para nós e temos que o deixar numa escola, numa ama ou numa avó. O
desmame do bebé, custa e dói horrores, mas acaba sempre por acontecer. E é só
mais um dos que nos perseguem quando somos mães.
Isto já
para não falar do desmame no verdadeiro sentido da palavra. Quando o alimento
do nosso filho deixa de ser o nosso. Quando perdemos a ultima dependência que
ele tem de nós.
Como se
cada um destes desmames não fossem difíceis o suficiente, somos constantemente
pressionadas a fazer esse desmame…
“Tens que
ter tempo para ti”, “Aquilo ali é roupa para passar?!”, “Ele ir para a escola
só lhe faz é bem!”, “O leitinho de vaca alimenta mais”…
Pressão
pressão pressão para que cada um dos desmames seja feito cada vez mais cedo,
mais depressa, mais sem dó nem piedade.
E é
errado! Tão errado…
Odeio a
palavra e odeio cada desmame que vamos passando. Odeio.
(Imagem: )
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