#Histórias de Mãe - Órfã de pai vivo
“Escrevo não
como mãe, mas como filha. Uma filha que é mãe, filha órfã de pai vivo.
Muitas mães
solteiras muitas vezes se questionam sobre o que sentirão os seus filhos por
não terem o pai presente. Falamos de pais que não querem estar presentes e tomam
essa decisão voluntariamente. Hoje falo-vos como essa filha, criada por mãe
solteira, sem figura paternal.
Quando era
pequena, sonhava em ter pai. Ouvia histórias das minhas amigas, o que fizeram
com os seus pais, como eram, e especialmente como os adoravam. Não sentia
inveja, porque criança que era não compreendia como era ter aquele
relacionamento, mas sonhava em ter um pai.
Quando me
magoava, não tinha o seu colo.
Quando estava
feliz, não tinha o seu sorriso.
Quando estava
triste, não tinha o seu abraço.
Quando tinha
medo, não tinha a sua voz de príncipe corajoso que afastava os monstros maus.
O meu pai
conhece-me. Sabe quem sou. Sempre soube onde estava. Escolheu não estar
presente. Escolheu não ser meu pai. Hoje sou mãe, compreendo ainda menos como
alguém pode tomar a decisão ou escolher não ter esse papel. Não consigo
imaginar a minha filha, tão filhinha de seu papá, sem ele na sua vida. Hoje,
consigo perceber que, talvez, fosse o medo da responsabilidade. Talvez a
indiferença. Talvez o facto de me ter posto no mundo fosse, para Ele, o
suficiente para ser meu pai.
Pai, quero
dizer-te que nunca deixei de sentir a falta do ser imaginário que criei na
minha cabeça. Daquele que terias sido se tivesses ocupado o teu lugar. Mulher
feita, ainda queria o seu colo. Não o teu, pois não te conheço, mas do pai
imaginário que fazia as nuvens destapar o sol com um sopro. Fizeste-me falta.
Fazes-me falta. Todas as crianças têm direito ao amor de seus pais.
Tu, mãe solteira
que estás a ler isto, quero dizer-te que sim, os teus filhos gostariam de ter
pai. Provavelmente nunca to dirão. No entanto, deixa-me dizer-te também, que
eles aprenderam a amar-te mais, querer-te mais, pois o único pai que conhecem
és tu! Tu tomas-te a decisão de ficar. Tu continuas aí. Mesmo sabendo que ia
ser mais difícil, mesmo sabendo que te iam olhar de lado, mesmo sabendo todas
as provações por que ias passar, tu escolhes-te ficar. Nos dias em que vais
para a cama a chorar, escolhes ficar. Nos dias em que te apetece desistir, tu
escolhes ficar. Tu és Mãe e Pai. A tua força, conheci-a nos olhos da minha mãe.”
Ass: Borboleta
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