Será que as mães querem ajuda?

No outro dia, enquanto colocava o Vasco no carro, assisti ao seguinte cenário:

Uma mãe, sai de casa, de manhã cedo com duas crianças. Uma maiorzita, talvez com os seus 4 anos e uma outra algo muito perto da idade do Vasco, 2 anos se tanto.

Cada uma vinha pelo seu próprio pé, e a mãe trazia ainda alguma carga. (Mala, mochilas das gaiatas e ainda um saco grande e com ar pesado.)

A mais pequena tropeça e cai. A mãe zanga-se. “Mariana pá! A mãe está atrasada! ”

Pega na pequena, que não quer colo, e começa a chorar e a contrariar o colo da mãe. A mãe responde com uma palmada!

Esta foi aquela manhã daquela família. Stress, zangas, palmadas, choros, logo para acordar.

Fiquei triste. Fiquei triste pela pequena que apanhou uma palmada, fiquei triste pela mãe que estava claramente atrapalhada, fiquei triste por toda a situação.

Não passa por condenar ou não “a palmada”. Não me cabe a mim julgar. A questão aqui é: Será que aquela mãe queria ajuda?!

Pensei em ir até lá… Talvez distrair a pequena até a mãe se recompor do saco que entretanto estava espalhado no chão. Ou então quem sabe pegar simplesmente no saco e ajudá-la com a sua carga. Ou até mesmo, encaminhar a mais velha libertando a carga da mãe. Mas será que esta mãe iria aceitar isto?

As mães vivem com culpa. É um sentimento que nos é constante. Sentimos culpa por tudo o que não conseguimos, tudo o que nos custa a gerir, culpa pela falta de tempo, de vontade, de saber o que fazer ou como lidar.

Trocámos os olhares e esta mãe estava claramente assolada pela culpa. Culpa da palmada que havia acabado de dar.
Se eu a abordasse, sentiria em mim um julgamento?!?! (ainda que não fosse essa a intenção)


Quantas de nós, num momento de stress permitiríamos que outra mãe nos abordasse sem que achássemos que nos estariam a julgar?!


Será que as mães sabem aceitar ajuda... sem culpa, sem se sentirem inferiores, sem se sentirem julgadas?!  Será que as mães querem mesmo ajuda?!

(Imagem: www.trakejo.com)

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