Não foi amor à primeira vista!

Aquilo que tive com o meu filho não foi amor à primeira vista!
O amor que sentia por ele (sim o que sentia era então muito diferente do que sinto agora), gerou-se com ele. 

Já grávida, a viver num limiar do real e da fantasia, desenvolvi uma espécie de amor por ele, que agora sei, não era mais do que um mero instinto de protecção.

Vivi 9 meses da gravidez, a adiar a realidade. Eu ia ser mãe, mas isso era um problema do futuro… E disso me convenci até ao último momento.

Ansiosa como sou, achei que adiar a maior preocupação da minha vida, seria o melhor para manter a minha sanidade mental. 

Na verdade, eu estava em pânico. Tive medo, muito medo. Tive medo da gravidez, tive medo do parto, tive medo de estar internada pela primeira vez na minha vida, tive medo de ter um bebé dependente de mim… Seria eu capaz? Iria arrepender-me? Iria ser boa mãe? Iria deixar o miúdo cair? Ficar doente? Iria amá-lo?

Vivi um dia de cada vez, à espera que a realidade me caísse literalmente nos braços.

O Vasco nasceu. Nasceu no meio dum momento caótico, rodeado de enfermeiros, médicos e outros tantos literalmente aos gritos e em urgência face ao seu coração que estava a parar.

Nasceu a tempo, sem que o seu coração parasse, mas o meu parou. 

A Filipa, ficou algures por ali em modo de suspensão…
Vi-o passar sem o ouvir chorar e voltei a ter medo…
Quando mo trouxeram a chorar, senti alívio. Ele estava vivo! Ele estava bem e eu ficaria bem em breve também.

Nos meses que se seguiram o modo suspensão continuou. Andei por ali em “modo automático” a cumprir tudo aquilo a que era obrigada a cumprir. Meramente a existir… Vazia… Continuamente a adiar a realidade, eu era mãe…

Sem que percebesse, mesmo estando em modo automático ele entranhou-se em mim. E algures ali no tempo, não sei bem quando nasceu o amor. Finalmente tinha nascido o filho, a mãe e a eterna ligação entre os dois.

Demorei a sair do modo automático, a acordar à séria, a aceitar a realidade… E foi durante esse tempo que o amei.
Que ele tornou-se no meu tudo, que ele se tornou na minha essência, no meu completo.
Não o senti quando ele nasceu, tal como descrevem centenas de outras mães. Não ouvi sinos, nem vi unicórnios… Todas as cores vieram depois, nem eu sei bem quando.
Agora eu sou dele.
Tenho para missão da minha vida, fazê-lo feliz, e fazê-lo saber que o amo mais que a vida.

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Imagem: Etsy

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