#Mães há muitas! – A empreendedora

Ser mãe é um desafio! Dum momento para o outro temos as nossas vidas completamente dominadas por aqueles seres tão importantes que achamos que nunca mais vamos conseguir fazer outra coisa! E depois, há aquelas mães que arregaçam as mangas e se fazem à vida, por um propósito maior! Aquelas mães que arriscam por um sonho, uma vontade de mudar, de melhorar, mesmo com um filho ao colo.

Apresento-vos a Mónica:

*Quem é a Mónica, além de mãe do Zé?
Sou a Mónica. Sou neta e filha e amiga de muita e de muito boa gente. Sou essa mistura toda e sou uma sortuda! Sou uma pessoa de pessoas, do Benfica, das viagens, das piadolas, dos filmes no cinema, e no sofá, e na cabeça…!

*Como é que surgiu a ideia do 8Oitenta?
Conheci a Maria no papel de educadora do meu filho e ficamos amigas. Falávamos muito sobre os temas da família, da educação, da parentalidade,.. A Maria sonhava com uma comunidade aprendizagem, eu tinha mil ideias de eventos para a família. Queríamos construir um espaço diferente e percebemos que temos a mesma missão: apoiar as famílias.O convite oficial deu-se durante uma muda de fralda do Zé. Foi abençoada… dizem que dá sorte, não é? Quando conheci o espaço, apaixonei-me por estas 3 janelas enormes viradas para as cores Colares e senti que era aqui que queria trabalhar! Dei o “sim!” à Maria e desde então, continuo num estado de namoro pegado com o projeto, a sentir-me muito abençoada por fazer aquilo que adoro!

*No 8Oitenta "temos a missão de apoiar as famílias", como assim?
Desde o início que o foco do projeto é esse: salvar famílias. Com o estudo acompanhado aliviamos as tensões em casa provocadas pelo stress escolar, dos TPC, do insucesso, etc,. Com as actividades de expressão artística, damos oportunidade às crianças para que se expressem e para que se conheçam . Nas aulas de yoga, adultos e crianças podem ter o seu momento, descobrindo o seu “eu”. Com os workshops – sempre direccionados às famílias – proporcionamos bons momentos, em família, e estimulamos a produção  em vez do consumo. Queremos ser “casa”. Onde quem chega pode descalçar-se, escolher onde se senta, usar e partilhar o espaço à vontade. O 8Oitenta é um sítio de aprendizagem, ação, produção, descoberta mas principalmente de relação. Temos muito gosto em dar “colo às famílias”. Ouvir, ajudar, com respeito pela individualidade, com empatia e sem julgamento.

*Qual a actividade que os miúdos alinham mais? E qual é que te dá mais prazer enquanto mãe?!
Temos tido a sorte de receber muitas actividades. As Oficinas de Férias de Natal foram um corrupio e todos adoramos. As aulas de Artes, à sexta-feira ao fim do dia, são uma festa! Chamamos-lhe “O momento de soltar o gás da coca-cola”! Finalmente têm tempo para se exprimirem, criarem e brincarem… serem crianças felizes!
Como mãe, fico de coração inchado quando vejo mães e pais sentados no sofá,a demorar na saída, a conversar depois de um workshop,... Fico feliz quando elogiam os filhos por aquilo que são bons e quando relativizam um “Insuficiente” na folha de teste porque sabem que aquela palavra não classifica o seu filho, mas sim o desempenho do filho naquela ficha ou naquele teste.
E fico radiante quando vejo o meu filho a fazer amigos no 8Oitenta, quando eu própria crio relações com a comunidade,… sou muito feliz no 8Oitenta! Nota-se?
*És empreendedora e mãe solteira. É difícil conjugar todos os papéis?!
Ser empreendedora quer dizer que tenho um emprego, que por acaso foi inventado e construído por mim. Quer dizer que não tenho hora de entrada nem de saída, e isso deixa-me respeitar o meu timing, mas faz-me não parar de pensar no trabalho. Ser empreendedora não me deixa tirar férias quando quero, mas não me pede declarações de cada vez que o Zé está doente.
Ao mesmo tempo, ser mãe de um filho que vive em regime de guarda partilha e residência alternada, dá-me semanas de mais cansaço e semanas de mais saudades. Tudo tem um lado bom e um lado mau. Estamos todos (eu, o Zé, o pai e até o 8oitenta) cada vez mais habituados a este esquema alternado, e acho que falo por todos: é só diferente. Não é melhor, nem pior. Vivemos bem com isso!
O meu estado civil não muda nada. O rótulo de “mãe solteira” não me serve, não me define. Sou mãe e sim, sou solteira. Há mães casadas que têm menos participação do pai na vida e na educação das crianças e, essas sim, criam sozinhas os filhos e merecem todas as vénias. E há pais de todos os formatos e feitios. Mas a esses ninguém pergunta o estado civil.
E esta pergunta deixa-me sempre de nariz torcido… se a entrevista fosse feita a um pai empreendedor, ser “pai solteiro” seria questão?

*O teu filho foi inspiração para o projecto?
Foi, na medida em que me deu força para arriscar criar um emprego para mim, que fosse mais sensível às necessidades dele.
Além disso, desde que o Zé nasceu que passei a interessar-me muito mais pelos temas da educação e da parentalidade. Faz-me reflectir muito mais sobre o que é isto de cuidar e educar seres humanos. Sempre me senti bem perto de crianças, mas agora acho que as percebo melhor. Ser mãe, dá-me uma base de empatia para com algumas das mães do 8Oitenta, e isso ajuda muito, mas não é preciso ser mãe para saber de educação e estar atenta e ser sensível às questões e necessidades da família.

*O que é que vos distingue, no 8Oitenta?
A relação. Com os miúdos e com as famílias. Esta sensação de casa e de proximidade.
Não há dedos no ar, não há lugares marcados. Há espaço e tempo para ser quem são e serem valorizados por isso.
Há respeito e há muita verdade no ser. Há dias mais refilões, há dias mais patetas, há dias de 3 páginas de TPCs… Se corre bem, celebramos. Se corre mal, pedimos desculpa e resolvemos.
Aqui podem escolher, decidir, gerir, sabendo que terão consequências. Aqui sabem que podem usar e sujar, mexer e descobrir... No final, arrumam e limpam.
Temos homeschoolers e alunos da escola. De idades e backgrounds diferentes. Essa diversidade enlouquece-nos um pouco, mas enriquece-nos a todos!
Temos uma visão muito própria sobre a educação. Apoiamo-nos na Teoria das Inteligências Múltiplas e pomos em prática a teoria da zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky no reconhecimento das necessidades de cada aluno. As nossas decisões pedagógicas assentam nos 4 Pilares de Educação: aprender a ser, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a conhecer. Alguns dos nossos alunos trabalham pela metodologia de projecto e todos eles são estimulados para autorregularem o seu processo de aprendizagem.

*Acreditas no ensino Português?
Nem sei bem o que é o “Ensino Português”. Oiço histórias terríveis, mas sei que há muitos pais e professores a querer fazer diferente e melhor. E já sinto poeira no ar, questões a serem levantadas nas escolas por começarem a sentir a concorrência neste serviço.

*Achas que sabes ser mãe?!

Vou tentando… umas vezes acerto, outras aprendo! Culpo-me de umas, orgulho-me de outras tantas, na mesma medida. Mas adoro e divirto-me muito a ser mãe do Zé Manel!


Comentários

  1. Fã número um da "mãe do Zé Manuel" :)
    Da forma como criou este projecto (com a sua colega e amiga Maria), da forma como agarram e transformam cada ideia, o carinho e apoio que distribuem a cada familia, as ideas "fantabulasticas" que apresentam diariamente ... Adoro o "8Oitenta"!
    Muitos Parabéns a esta "super mãe" empreendedora.

    E não deixem de visitar o espaço com as 3 janelas enormes viradas para as cores de Colares. <3

    ResponderEliminar
  2. Que maravilha Mónica, grande beijinho*

    ResponderEliminar
  3. E eu adoro a 8Oitenta, a Mónica e a Maria! Foram a salvação do meu filho e também da minha... Fica a promessa de fazer uma visita ! Beijinhos grandes

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares