E agora? Vamos ler "Os Maias" a recém nascidos?!

Gosto de ler! Gosto de ler noticias, histórias, experiencias, romances imaginários e tragédias reais. Gosto de me manter informada! Leio de tudo um pouco. Desde livros (que tenho já uma boa coleção em fila de espera em casa) a revistas cor-de-rosa quando vou ao cabeleireiro. E gosto acima de tudo de ler sobre os temas que me dizem respeito ou com os quais me relaciono de alguma forma.
Como tal, considero-me uma grávida informada! Nada em exagero, até porque há por aí histórias incríveis que só servem para nos traumatizar, mas pesquiso um pouco sobre os assuntos que me apoquentam. E neste momento o que me apoquenta é a cria.
E se há por aí muitas teorias sobre as crias...
Mas não posso deixar de pensar: "Não estaremos a exagerar?!"
Supostamente o ser humano tem esta necessidade insaciável de se superar a si próprio. De aumentar aquilo que podemos ser. De aumentar a esperança média de vida... enfim... Muitas pesquisas e muitos estudos em prol da qualidade e quantidade. Mas não será demais?!
Senão vejamos.
Chegou-se à conclusão que as necessidades e cuidados a ter com um recém nascido são neste momento completamente diferentes daquilo que era há uns anos atrás. Se eu fui criada de pó de talco no rabiosque e não me fez mal nenhum, agora faz mal às vias respiratórias. Se eu bebia leite de vaca com 2 meses, agora é impensável... Se me lavavam o rabiosque com água e sabão, agora temos as águas lavantes hipoalergénicas para o efeito...
Claro que quero o melhor que puder para o meu filho... mas vamos lá então ver outra coisa.
Antes cantava-se a canção do "Era uma vez um cavalo", ou "A pintinha põe o ovo...", mas agora descobrimos que o estimulo correto está na musica clássica. Brincar com crianças era atirá-las ao ar ou fazer o cavalinho no colo e agora afinal, atira-las ao ar pode "achocalhar" demais o cérebro e o cavalinho pode deslocar o braço.
Não estaremos a colocar as crianças numa redoma de um vidro demasiado fino?

Ora as primeiras musicas que os nossos filhos vão cantarolar vai ser Bach e não o "Atirei o pau ao gato"?! Os desenhos da Disney são machistas e elitistas por causa das princesas, então que histórias lhe vou ler? "Os Maias"?! Será que os livros de colorir deveriam ter obras de Van Gogh em vez de macacos e elefantes?!
Serei obrigada a mostrar ao meu filho de 6 meses a "Gay Parade" para que ele saiba que eu o apoio nas suas decisões e não bloqueá-lo ou traumatiza-lo com a sua sexualidade?!

Será que aos 2 anos o meu filho deveria saber a tabuada, falar 3 línguas, fazer um mortal encarpado e a tabela periódica?! Eu não sabia...
Porque é que os brinquedos agora são todos didáticos e estudados para estimular qualquer coisa e não são simplesmente brinquedos, se para todos os efeitos eles gostam de brincar é com as tampas dos tachos e as molas da roupa?! Porque é que tudo o que é das crianças tem um esquema de cores e texturas estudado, e não são simplesmente divertidos?

Não, não quero. Recuso-me. Não quero que o meu filho seja "forçado" a ser o melhor do mundo em nada! Se for, melhor, se não for, melhor na mesma! Quero que seja simplesmente criança. Criança como eu fui. Que brinque com aquilo que lhe apetecer (Eu gostava de telefones).Quero que saiba brincar na rua... correr, esfolar os joelhos...Pegar em insetos... comer areia... tudo aquilo que eu fiz e tive e acho tão bem que me saí.
Quero uma criança normal, com tempo se ser criança. Prefiro que o meu filho seja um rapaz desenrascado e que me saiba mudar um pneu do que refutar a teoria das cordas aos 12 anos. Prefiro que o meu filho cresça um homem com honra e honestidade do que ser um rato de laboratório isolado do mundo. Prefiro que o meu filho seja carinhoso e respeitador do que sobredotado ou genial.  
Quero que seja simplesmente feliz.
Vou estimulá-lo?! Claro que sim, mas sem exageros. Sem pressas nem pressões. Sem stress nem exigências... Sem texturas nem padrões. Simplesmente feliz.


Comentários

Mensagens populares