Despedimento de grávidas!

Sim, é uma infeliz realidade!
Lembram-se de vos dizer aqui que Este país não é para velhos... nem para grávidas! Pois foi nesta altura que soube o meu destino...
Estava grávida de 4 meses quando soube... Um destino que se oficializou ontem!
Fui despedida!
A coisa arrastou-se porque não deixei de cumprir a minha parte nem por um minuto, mas foi em Fevereiro que soube que seria despedida. No período de aviso entre o sai e não sai, conheci pessoas maravilhosas que tentaram dar-me uma oportunidade, mas há um limite do que se consegue fazer por uma grávida! Conseguiram estender-me o prazo até ao final da gravidez, mas não mais que isso. Vim para casa, ser mãe e ser desempregada!
Nunca tinha sido despedida... trabalho desde os 16 anos e nunca tinha sido desempregada, e agora sou! Agora que fui mãe, sou desempregada!
Estou triste! Profundamente triste. Estou triste e desiludida porque não merecia... porque sei que se não estivesse grávida, isto não me teria acontecido... É mais um preço a pagar por um filho!
"Mas não podem despedir grávidas" dizem vocês! Pois não... Podemos apresentar uma queixa contra a empresa que terá que pagar uma multa mas o emprego não volta!
Agora sou mãe à procura de emprego...
Durante mais de 10 anos dei o litro, vesti a camisola... Dediquei-me e entreguei-me! Trabalhei muito por pouco, cheguei a trabalhar 7 dias por semana, 12 horas por dia! Sei que não merecia porque sempre fui uma funcionária como gostaria se fosse ao contrário... Não, não sou convencia! Tenho uma coisa chamada "Brio profissional"! Gosto de fazer um bom trabalho, gosto de atingir objetivos, gosto de realizar projetos... bolas, até gosto de palmadinhas nas costas! Mas quando engravidei deixei de servir ao mundo empresarial!
É esta a triste realidade, não digo do nosso país, mas das nossas mentalidades! É esta a minha realidade!
Ontem fui chamada a uma "reunião", onde me esperava uma bonita carta de rescisão que ditava o pagamento pela minha dedicação durante vários anos! Uma bonita carta de rescisão, entregue por um intermediário para que o diretor de recursos humanos não tivesse que dar a cara e dobrar a língua por me ter dito que me garantia o seu esforço pessoal para que o "estar gravida" não fosse um problema! Coisas bonitas dizem todos! Uma bonita carta de rescisão que achei tão falsa, tão injusta, tão estúpida...
O maior problema é que não sou a única... nem por perto! São vários os casos semelhantes ao meu! São demasiadas as grávidas que são despedidas, despromovidas, convidadas a sair...
Depois o governo do nosso bonito país vem falar-nos em incentivos à natalidade! Que tal começar por efectivamente proteger as mulheres destas situações?! Do grupo das mãe que já vos falei aqui, fomos bastantes as que fomos despedidas/dispensadas... Bastantes mesmo...
É esta a triste realidade, é esta a minha realidade, é este o nosso triste país!


(www.jornaldenegocios.pt)

Comentários

  1. Aconteceu-me mais ou menos o mesmo! Depois de 11 anos sem uma falta, uma baixa... Nada! Soube do meu despedimento na véspera da minha filha completar 1 mês! Por uma colega! A entidade que fala à qual podemos fazer queixa, comissão para a igualdade! Surreal! Emite um parecer apenas ouvindo uma das partes...que entre outras omissões.. Até se esquece de enviar i nosso contrato... Mas depois..não emite novos pareceres sobre o mesmo caso! Provavelmente fiquei desempregada no dia que informei da minha gravidez....adiei a maternidade durante anos pq estava a investir na minha profissão... E recebemos isto! Mas no fundo a minha filha é uma privilegiada..está comigo ainda hoje e já tem quase 9/meses...Estes momentos fazem tudo valer a pena! Como disse tb sinto que pagamos um preço... Não devia ser assim! Mas se tem de ser..para mim vale a pena! Perdem as entidades patronais e todobum país... Boa Sorte!

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    1. É injusto e ingrato, e infelizmente não são poucos os casos como os nossos!
      São mentalidades onde ainda há muito trabalho pela frente. Fico desiludida e revoltada... Quando me falam em incentivos à natalidade, acho que aqui está um ponto interessante por onde começar!
      Obrigada pelo seu comentário, e boa sorte com a sua pequena :)
      Beijinhos

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  2. Ola Ana :) Acompanho o teu blog à algum tempo, porque temos amizades em comum e sempre que partilhavam as publicações feitas por ti achava piada e identificava-me :) Estas amizades em comum devem-se a facto de estarmos a trabalhar no mesmo cliente e no mesmo sitio e em equipas semelhantes, por isso eu te compreendo e bem... Eu tive a minha bebe em Fevereiro e o meu destino foi o mesmo que o teu... Também levei com a conversa que não sabiam como iria ser o meu futuro depois de ir de baixa, mas para não me preocupar porque sempre se arranjava alguma coisa, apesar da empresa estar como está, mas a um mês antes de voltar ao trabalho lá veio a carta e uma "bonita" carta de recomendação porque como dizem fui mto boa profissional e não tinham nada a apontar.. Mas tal como tu o problema foi mesmo de ter engravidado e isso é mesmo muito injusto e ingrato...
    Mas olha não te preocupes que na nossa área há mto emprego ainda ;)
    A coisa boa foi estar com a baby ate os 8 meses em casa e pelo menos aproveitei bem eheh :)
    Boa sorte para ti e para o baby.
    Beijinhos

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