Donas de casa desesperadas!


Da mesma maneira que vos disse aqui que não me enquadro em grupos de mães, venho mais uma vez desiludir-vos por assumir que não me enquadro nas “mães da moda”.
Parece que está na moda, sermos todas umas donas de casa desesperadas, com os cabelos em pé e todo um drama por aí a fora, e todas aquelas que não o são, são umas mentirosas armadas em boas e perfeitas.
Lamento.
Não, não sou uma dona de casa desesperada.
Não, a existência do meu filho não faz de mim infeliz, deprimida, ou com qualquer outro tipo de psicose.
Não, não sinto a necessidade de passar o dia a beber álcool ou a dizer palavrões.
Não, não me sinto frustrada na maior parte do tempo.
Não, o melhor do meu dia não é despejar o meu filho na escola, ama, avós, tias, ou seja lá quem for.
Não, o meu filho não é uma versão mini dum terrorista que passa o dia a fazer merda, e a meter nervos a todos com quem se cruza.

Lamento se vos desiludo.
Não faço parte desse grupo que emana frustração, donos da verdade real (seja lá isso o que for) e que queixam-se tanto que lhes apontam o dedo que nem se apercebem que apontar o dedo é o que mais fazem.

O meu filho, tal como espectável, tem o comportamento típico de uma criança de 3 anos. Não é excepcional em nada, tal como eu.

Porta-se bem na maior parte do tempo, mas odeia ser contrariado.
Come bem, na maioria das vezes, mas suja o chão da cozinha.
Brinca de forma saudável, quase sempre, mas de vez em quando tem ideias parvas.
Tão depressa me abraça e dá beijos, como dá-me um empurrão para brincarmos às lutas.
Tem um atraso na fala, mas consegue ser barulhento como o raio.
Sim, estou farta do canal Disney, mas depois de o deitar vingo-me nas séries.
Sim, a casa parece andar sempre desarrumada, mas isso não me incomoda minimamente.
Sim, tenho sempre coisas para fazer, mas acho que de outra forma não tinha piada nenhuma.

Sim, tenho momentos, claro que tenho. Tenho muitas coisas para fazer e gerir. Tenho um ser para criar e educar. Vou por partes, e giro prioridades. Se faço tudo o que queria? Não. Se sou feliz? Muito.

Lamento mas ser mãe completa-me e faz-me feliz.
Lamento mas não consigo embrulhar-me em queixumes e exageros.
Lamento, mas o meu filho será sempre para mim o melhor do mundo.
Lamento mas sou assim.


(Imagem: Times of India)

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