“Eu apanhei e não me fez mal nenhum!”
Esta é aquela
justificação quando falamos em dar palmadas. Aquela justificação que já se tornou
cliché.
Eu também apanhei. E não me considero minimamente psicopata, nem com qualquer trauma psicológico. Pelo contrário, acredito que tudo o que aconteceu durante a minha infância e adolescência levaram ao todo que sou enquanto adulta. E orgulho-me da adulta que sou.
Eu também apanhei. E não me considero minimamente psicopata, nem com qualquer trauma psicológico. Pelo contrário, acredito que tudo o que aconteceu durante a minha infância e adolescência levaram ao todo que sou enquanto adulta. E orgulho-me da adulta que sou.
Mas não é de mim
que quero falar. É de todos.
Um dia destes,
contaram-me uma história duma pessoa que estava a chorar por algo que um simples
estranho disse. Seria de esperar que a opinião dos outros não importasse nada
não é?
Dois dias depois,
uma miúda disse-me que não sou bonita. E o que sabe uma miúda, não é?
Em ambas as
situações as pessoas disseram apenas a sua opinião. E vivemos em liberdade de
expressão não é? Pois infelizmente é.
Mas eu diria que “a
minha liberdade termina onde começa a do próximo”
Vivemos em total liberdade de
expressão, onde não se tem em consideração o que o outro sente.
Vivemos na
geração do desapego. Onde ninguém importa. Onde a opinião alheia não importa, e
apenas a minha é lei. Onde as pessoas dizem o que querem. Onde ninguém gosta de
ninguém, ninguém depende de ninguém, ninguém atura ninguém. Somos completamente
desapegados. Somos orgulhosos. Quem manda as bocas mais foleiras é fixe, e o
choninhas que ressente é isso mesmo, um choninhas.
Nos dias que
correm vale mais largar uma ofensa na cara de alguém do que um gesto de afecto ou
carinho.
Nos dias que correm, andamos todos a correr, sem tempo para sentimentos. Apenas para respostas na ponta da língua, e a dita “liberdade de expressão”.
Tenho visto muito do que me envergonha por este mundo a fora. Vejo pessoas serem ofendidas e enxovalhadas por dá cá aquela palha. E esses que ofendem e são aplaudidos por isso, chegam à noite, pousam a cabeça no travesseiro, e dormem, sem a mínima consciência ou preocupação sobre a pessoa que magoaram que pode muito bem, estar às voltas na cama.
E o que é que
isto tem a ver com as palmadas? Não sei.
Mas ao pensar sobre este assunto, e na forma como tantas pessoas dizem o que querem indiferentes ao magoar os outros pergunto-me sobre o que é que falhou na nossa geração.
Não digo que
levamos palmadas a mais, mas se calhar, muita gente, levou carinho a menos.
Se calhar
precisamos todos de um abraço.
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