Carta ao meu filho pré-adulto


Uau! Parece que ainda ontem nasceste e agora és um pequeno adulto!
Parece que ainda ontem aprendeste a andar, e tropeçavas nos teus próprios pés, e nunca dispensavas as minhas mãos para te ajudar. 

Parece que ainda ontem me chamavas de mamã, e exigias a minha atenção a todas as horas do dia. 

Parece que ainda ontem te ensinei a usar a colher para comer, e tu insistias em usar as mãos.

Parece que ainda ontem não te cansavas de jogar comigo à bola, de fazer corridas e de pintarmos juntos.

Parece que ainda ontem eras o meu bebé, e hoje já és um pequeno adulto.
Não espero que compreendas, mas tudo isto arrebata o meu coração.
Entende que desde que nasceste, te tornaste a minha vida.
Quando te isolas de mim, dói.

Quando falas como um crescido que és, dói.

Quando tens as tuas ideias já tão diferentes de mim, orgulhas-me, mas dói.
Quando falas em ter a tua casa, e a tua vida, dói.

Nunca me sentirei preparada para ser apenas um complemento da tua vida. Assim como tu nunca serás apenas um complemento da minha.
Tudo isso, que não espero que compreendas, dói. 

Dói-me que tenhas crescido, que o tempo tenha passado tão depressa, que já não precises de mim…

Parece que ainda ontem eras o meu bebé, e agora já és tão tu, e tão pouco eu… e isso dói.



Para a Marta


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