Então e o pai? O pai que queria um Porsche.


       Este pai, nunca quis ser pai... O pai queria um Porsche, e um Porsche só tem dois lugares. Um para mim, outro para ele. Mas lentamente cresceu dentro dele, mais um lugar.
Os amigos... pois, os amigos ajudaram à festa. Temos amigos muito especiais. Temos amigos que moram no nosso coração, bem marcados e definidos de certo para sempre. Podemos passar meses sem nos vermos, mas quando estamos juntos, tudo volta ao que sempre foi. Amigos verdadeiros.
Acontece que os amigos foram pais. Aos poucos e poucos começaram a aparecer os rebentos um pouco por todo o lado. E para aqueles bebés, este pai tinha uma olhar especial reservado. Mesmo quando aqueles bebés choravam, gritavam, ou faziam birras, este pai não olhava para eles com o habitual ar horrorizado de desespero de quem preza o nosso sossego. Quando aqueles bebés choravam, gritavam ou faziam birras, este pai olhava para mim e sorria.
Um dia disse-me que estava a começar a perceber que "a vida é mesmo assim", e que os filhos fazem parte dela. Devagarinho, dica aqui, dica ali, passou-me a bola. Sem pressas nem pressões.
Quando lhe perguntei se achava que devia deixar de tomar a pílula, fez-se de desinteressado: "Não vejo porque não. " Foram estas as suas exactas palavras. Parecem-vos frias? Pois eu conheço-as e são quentes... muito quentes, calorosas e recheadas de ansiedade.
Agora vejo um pai, mais feliz que alguma vez pensei. Este pai, está entusiasmado, feliz e completo. Porque este pai, aceitou que a vida é mesmo assim, está feliz pela chegada de mais um rebento a juntar aos dos amigos. Este pai criou mais um lugar nele. O Porsche? Pois, parece que o Porsche vai ter que esperar pela velhice...


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