Guerreiros de Palmo (sem meio)

Há dois anos não sabia que a 17 de Novembro se comemorava o dia dos prematuros, nem tinha sequer o verdadeiro conhecimento do que é um bebé prematuro.
A 8 de Janeiro de 2015 fui esmagada com este real conhecimento, muito assustada temi pela minha e pela vida do meu Kiko.

Senti que o meu bebé foi arrancado de mim, não tive tempo para viver esta gravidez, não desejei ter um prematuro extremo de 27 semanas que media pouco mais do que a minha mão. Medo, tive muito medo.
Nunca se está preparado para viver algo assim.
O nascimento de um bebé deve ser um momento de felicidade intensa, mas não foi isso que aconteceu. Ter um bebé prematuro é assustador, é angustiante, são risos e lágrimas misturados com uma total incerteza, todos os minutos contam, todos os dias são uma verdadeira luta. E falar de justiça, não é justo que um ser tão pequeno e frágil tenha de lutar a 200% para viver!
Estes pequenos heróis são mais fortes que toda a humanidade junta.
Quando me recordo, com muitaaaa frequência dos dias passados na MAC, recordo o caminho que fazia de casa até à maternidade sempre com lágrimas no rosto, com uma tristeza e incerteza de estar ou não tudo bem com o meu guerreiro.
Quando chegava à unidade de cuidados intensivos desinfectava as mãos com todo o cuidado que é exigido para não ser portadora de bactérias, depois percorria o corredor a uma velocidade supersónica, mas quando aproximava a mão do sensor da porta que estava em frente ao quarto do Kiko, esta abria e eu ficava paralisada durante três segundos a olhar para os monitores. Estavam ligados. O meu bebé estava vivo e assim foi durante dois meses, a incerteza e o alívio em simultâneo.
Entrava no quarto do meu pequeno ser que indefeso se encontrava numa incubadora a tentar respirar com a ajuda do precioso oxigénio, tocava na sua pele tão fina e tão quentinha, cheirava-o e falava com ele ansiando por pegá-lo ao colo.
Todas as mulheres são vaidosas e escolhem a roupa perfeita antes de sair de casa. Eu fazia o mesmo, a escolha perfeita da camisola que me permitisse colocar o Kiko dentro dela, exactamente um colo/abraço à canguru. E foi assim que me transformei numa canguru com o seu bebé na bolsa!
Nunca se respira perfeitamente dentro da unidade, existe sempre a esperança que tudo fique bem, mas ao mesmo tempo a noção de que no minuto seguinte a recuperação volta atrás.
A partida da maternidade diariamente de regresso a casa sem o Kiko era uma sensação de abandono. Sabia que o meu bebé estava em óptimas mãos, com a melhor equipa possível, mas eu ficava desolada, desorientada, perdida e com um verdadeiro nó na garganta e um aperto no coração, mas tinha de regressar a casa. Em casa tinha o meu filho mais velho que viveu tudo com muita intensidade e me abraçava como se nunca mais me voltasse a ver, dormia ao meu colo e não conseguia perder-me de vista.
O meu guerreiro Kiko transformou-se no herói do mano mais velho, costuma ser ao contrário não é?
O Kiko venceu esta dura batalha de sobreviver na UCI, lutou com a sua força de viver e mostrou ao seu mundo que é importante não desistir, é importante respirar, comer, descansar, ter mimo, amor, colo, carinho e a esperança depositada no olhar dos pais.
Aqui fica o meu agradecimento pela vida que me proporcionaram.
Kiko és um bebé perfeito e extraordinário, um vencedor, curioso que Muito aprende com o Gui.
Gui és um menino maravilhoso, dedicado, atento, empenhado, carinhoso, um espectáculo de filho.
Bebé Sebastião, ainda na barriga, estás bem desenvolvido e a crescer meu barrigudo mas a passar por todos estes medos que ficaram para sempre na cabeça da mãe.
Luís Miguel Morgado Pereira és super dedicado e também tu sofreste e lutaste para criar um bebé prematuro saudável, tenho orgulho em ti.
Família que nunca me desapontou, sempre esteve presente nesta luta diária e continua, o meu muito obrigada por todo o empenho e amor.
Amigas simplesmente espectaculares, disponíveis, exigentes adoro-vos sempre.
Obrigada a todos por apoiarem a Nossa família “ – Vera Costa





Duas amigas tiveram a ideia de trazer para Portugal um projeto que começou na Dinamarca e que já se espalhou por vários países da Europa. Em Portugal vamos chamá-lo de "Projeto Migos".

Não é nada mais do que os "famosos" polvinhos que são feitos em crochet e doados aos bebés-prematuros para ajudar no seu desenvolvimento.
Não deixem de apoiar este projecto e de saber tudo sobre esta fantástica ideia da qual o Sei lá eu Ser mãe é parceiro!  Saibam como podem ajudar estes Guerreiros de palmo (sem meio).

Facebook: Projecto Migos

Site: Migos

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